quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Algo mais

  Um crente sincero na bondade de Deus, desejando aprender como colaborar na construção do Reino de Deus, certo dia pediu ao Senhor a permissão para compreender os propósitos Divinos e saiu a campo.
De início, encontrou-se com o vento que cantava e o vento lhe disse: Deus mandou que eu ajudasse as sementeiras e varresse os caminhos, mas eu gosto também de cantar, embalando os doentes e as criancinhas.
Em seguida, o devoto surpreendeu uma flor que inundava o ar de perfume, e a flor lhe contou: Minha missão é preparar o fruto; entretanto, produzo também o aroma que perfuma até mesmo os lugares mais impuros.
Logo após, o homem parou ao pé de grande árvore que protegia um poço de água, cheio de rãs, e a árvore lhe contou: Confiou-me o Senhor a tarefa de auxiliar o homem; contudo, creio que devo amparar igualmente as fontes, os pássaros e os animais. O visitante olhou os feios batráquios e fez um gesto de repulsa, mas a árvore continuou: Estas rãs são boas amigas. Hoje posso ajudá-las, mas depois serei ajudada por elas, na defesa de minhas próprias raízes contra os vermes da destruição e da morte.
O aprendiz compreendeu o ensinamento e seguiu adiante, chegando numa grande cerâmica. Acariciou o barro que estava sobre a mesa e o barro lhe disse:
Meu trabalho é o de garantir o solo firme, mas obedeço ao oleiro e procuro ajudar na residência do homem, dando forma a tijolos, telhas e vasos.
Então, o devoto regressou ao lar e compreendeu que para servir na edificação do Reino de Deus é preciso ajudar aos outros, sempre mais, e realizar cada dia algo a mais.
*   *   *
Temos que convir que, se cada um fizesse somente a sua obrigação, a Humanidade não teria saído das cavernas.
O progresso só se realiza porque há pessoas que fazem algo mais que sua obrigação pura e simples.
O esforço que cada criatura faz, em prol do bem comum, é o que propicia a realização das conquistas maiores.
Se os homens de gênio tivessem apenas cumprido seu tempo justo de trabalho, não desfrutaríamos hoje das grandes descobertas.
Se Pasteur, Thomas Edison, Pierre e Marie Curie, Graham Bell e outros tantos cientistas não tivessem feito algo mais que a sua obrigação, a Humanidade não teria atingido tamanho progresso.
Nós, por nossa vez, também podemos e devemos fazer algo a mais para conquistar uma sociedade justa e feliz.
Além das oito horas diárias de trabalho, podemos dedicar alguns minutos para tirar alguém do analfabetismo.
Para ensinar um serviçal a utilizar corretamente os produtos e equipamentos de trabalho.
Para socorrer um ancião desvalido. Uma criança desamparada. Um animal ferido. Um enfermo sem esperanças.
Aprendamos, com o devoto da fábula que, para a construção de um reino feliz, Deus espera que cada um de nós faça algo mais.
Com base no cap.15, do livro
Antologia da criança, pelo Espírito Meimei, psicografado
 por Francisco Cândido Xavier, ed.Ideal.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O sentido da vida

Você já reparou como é difícil, algumas vezes, ter respostas para algumas dúvidas do dia a dia? Ter respostas para essas perguntas que nos surgem quando estamos na fila do supermercado, ou escovando os dentes ou parados no sinaleiro, dentro da condução?
Você já não teve dessas perguntas que, um dia, sem pedir licença, entram em nossa mente e ficam rodando, rodando, até que desistimos delas, ou as guardamos no fundo, bem no fundo do baú de nossa mente?
Quem de nós já não se perguntou por que nascemos em situações tão diferentes? E quanto às nossas capacidades, será que Deus nos criou assim tão diferentes uns dos outros?
E por que Ele permite haver uns na Terra com tanto e outros com tão pouco? Ou ainda, por que pessoas boas sofrem, passam por provas, por dificuldades, dores?
Se Deus é soberanamente bom e justo, se Deus é, na profunda síntese do Evangelista, amor, qual a razão disso tudo? Qual o sentido de todas essas coisas, aparentemente tão incoerentes?
Na verdade, quando essas perguntas nos surgem, é nossa intimidade buscando respostas para o sentido da vida. São perguntas que a Filosofia vem se fazendo desde há muito, e que refletem o anseio que cada um de nós traz na intimidade: Afinal, qual o sentido da vida? Por que estamos aqui?
Deus, ao nos matricular na escola da vida, deseja de nós que o aprendizado aconteça. Como todo pai ao matricular seu filho na escola, Ele espera que aprendamos a lição.
Nos bancos escolares, nos matriculamos para aprender a escrever, a manipular os números, a entender um pouco as leis da Física, da Química e de tantas outras ciências. E na escola da vida, o que temos que aprender?
Jesus, no Seu profundo entendimento das Leis de Deus, foi firme ao nos ensinar que o maior mandamento da Lei do Pai é o do amor.
Assim, podemos entender que, quando matriculados na escola da vida, na escola que Deus nos oferece, Ele espera de nós essa única lição: aprender a amar.
Dessa forma, todas as oportunidades que a vida nos oferece, são oportunidades para aprendermos a amar. Seja na situação financeira difícil, ou no físico comprometido, estão aí, para nós, as melhores lições para amar.
A doença que nos surge, de maneira inesperada, é o convite à resignação e fé. O chefe difícil, intempestuoso, nos convida à compreensão.
O filho exigente é a oportunidade da paciência e do desvelo. O marido tirano, a esposa intransigente são os portadores do convite à humildade e compreensão.
A cada esquina, o que a vida nos oferece, seja da forma como ela nos oferece, sempre traz consigo oportunidade bendita do aprender a amar. Você já reparou nisso?
E o aprender a amar se faz no exercício diário desse sentimento, desdobrado nos inúmeros matizes que ele guarda em si, nas mais variadas virtudes que ele permite ser vivido.
Seja onde a vida nos colocar: no corpo doente, no lar carente, na família difícil, ali estará nossa melhor lição para amar.
Tenha sempre em mente que o maior sentido da vida é conseguir perceber e entender que ela guarda, em cada oportunidade, em cada desafio que nos oferece, bendita lição para aprender a conjugar o verbo amar.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Perdão e liberdade

Ela ainda era uma adolescente quando policiais nazistas invadiram o escritório de seu pai e o levaram embora. Ela nunca mais o viu.
Logo depois do início da segunda guerra mundial ela e toda sua família, inclusive os avós, foram presos e depositados no campo de concentração, em Maidanek. Era uma das mais tristes usinas da morte de Hitler.
Certo dia, ela e os familiares foram colocados numa fila, obrigados a se despirem e entrar numa grande câmara. Golda conhecia aquela fila. Era para onde seus amigos e conhecidos tinham ido, e de onde nunca mais voltaram.
Por isso mesmo ela e os demais gritaram, choraram, rezaram. Mas não havia nenhuma esperança. Golda foi a última a ser empurrada para dentro da câmara, antes dos guardas fecharem a porta e liberar o gás mortal.
Contudo, por alguma intervenção divina qualquer, a porta não se fechava com ela lá dentro.
Por isso, os guardas a puxaram para fora e a jogaram ao ar livre. Como o seu nome constava na lista dos mortos, ela nunca mais foi chamada. Para todos os efeitos, estava morta.
Então, toda a sua energia se voltou para um único objetivo: sobreviver. Ela desejava continuar viva. Quando tudo acabasse, contaria para o mundo o que aqueles homens que mais pareciam animais tinham feito aos seus semelhantes.
Conseguiu sobreviver ao inverno polonês e imaginava que se Deus a tinha poupado, era para contar às gerações futuras o que tinha presenciado.
O ódio a alimentava, quando a comida faltava. Quando se sentia desfalecer de cansaço e de fome, fechava os olhos, lembrava dos gritos das suas companheiras sendo usadas como cobaias pelos médicos do campo ou sendo violentadas pelos guardas.
Imaginava o campo de concentração sendo libertado e dizia para si mesma:” o mundo inteiro saberá desses horrores. Eu me encarregarei de contar.”
Quando os aliados chegaram, Golda ficou paralisada de raiva e amargura. Ao ver os portões sendo derrubados e todos os prisioneiros, incluindo ela mesma, serem libertados, um raciocínio novo dela tomou conta: era inconcebível passar o resto de sua preciosa vida destilando ódio.
Se usasse a sua vida, que foi poupada, para plantar as sementes do ódio, ela não seria diferente de Hitler e todos aqueles homens cruéis. Seria apenas mais uma vítima, espalhando ódio. A única maneira de encontrar a paz era perdoar.
Por isso, tomou uma decisão: dedicaria a sua vida a mudar outras vidas. Se ela pudesse mudar a vida de uma pessoa transformando seu ódio e seu desejo de vingança em amor e comiseração, teria merecido sobreviver.
E assim fez. Foi servir como voluntária na reconstrução da Polônia e a sua semeadura foi a do perdão e do amor. 
                                                                            *** 
Perdoemos sempre, esquecendo todo o mal a fim de recordar o nosso dever de fazer todo o bem possível.
Perdoemos a agressão de qualquer natureza, não conservando forma alguma de ressentimento contra quem se faz instrumento do mal.
Perdoemos a impiedade, reconhecendo que o seu portador é alguém a caminho da loucura.
Perdoemos, enfim, porque o nosso compromisso é com o amor. Conforme fez Jesus, amemos, perdoando sempre a tudo e a todos sem desfalecimento.
 Fonte: A Roda da Vida, de Elizabeth Kübler-Ross, cap. 10 e Rumos Libertadores, de Divaldo Pereira Franco, cap. 24.