quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Morrer é voltar para casa


Quando a morte chega, com sua bagagem de mistérios, traz junto divergências e indagações.
Afinal, quando os olhos se fecham para a luz, o coração silencia e a respiração cessa, terá morrido junto a essência humana?
Materialistas negam a continuação da vida. Mas os espiritualistas dizem que sim, a vida prossegue além da sepultura.
E eles têm razão. Há vida depois da morte. Vida plena, pujante, encantadora.
Prova disso? As evidências estão ao alcance de todos os que querem vê-las.
Basta olhar o rosto de um ser querido que faleceu e veremos claramente que falta algo: a alma já não mais está ali.
O Espírito deixou o corpo feito de nervos, sangue, ossos e músculos. Elevou-se para regiões diferentes, misteriosas, onde as leis que prevalecem são as criadas por Deus.
Como acreditar que somos um amontoado de células, se dentro de nós agita-se um universo de pensamentos e sensações?
Não. Nós não morreremos junto com o corpo. O organismo voltará à natureza - restituiremos à Terra os elementos que recebemos - mas o Espírito jamais terá fim.
Viveremos para sempre, em dimensões diferentes desta. Somos imortais. O sopro que nos anima não se apaga ao toque da morte.
Prova disso está nas mensagens de renovação que vemos em toda parte.
Ou você nunca notou as flores delicadas que nascem sobre as sepulturas? É a mensagem silenciosa da natureza, anunciando a continuidade da vida.
Para aquele que buscou viver com ética e amor, a morte é apenas o fim de um ciclo. A volta para casa.
Com       a consciência pacificada, o coração em festa, o homem de bem fecha os olhos do corpo físico e abre as janelas da alma.
Do outro lado da vida, a multidão de seres amados o aguarda. Pais, irmãos, filhos ou avós - não importa.
Os parentes e amigos que morreram antes estarão lá, para abraços calorosos, beijos de saudade, sorrisos de reencontro.
Nesse dia, as lágrimas podem regar o solo dos túmulos e até respingar nas flores, mas haverá felicidade para o que se foi em paz.
Ele vai descobrir um mundo novo, há muito esquecido. Descobrirá que é amado e experimentará um amor poderoso e contagiante: o amor de Deus.
Depois daquele momento em que os olhos se fecharam no corpo material, uma voz ecoará na alma que acaba de deixar a Terra.
E dirá, suave: Vem, sê bem-vindo de volta à tua casa.
*   *   *
A morte tem merecido considerações de toda ordem, ao longo da estada do homem sobre a Terra.
É fenômeno orgânico inevitável porque a Lei Divina prescreve que tudo quanto nasce, morre.
A morte não é pois o fim, mas o momento do recomeço.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O mundo tem sede de amor


O mundo tem sede de amor!
Quando se despedem da Terra pessoas que simbolizam o amor ao próximo, e o Mundo inteiro verte as lágrimas quentes dos adeuses, é hora de nos determos um pouco para ouvir os apelos da Humanidade.
Não importa a classe social, a condição financeira, a raça, a religião, a nacionalidade, todos, unidos pelo sofrimento, param para prestar uma última homenagem.
Os olhares se encontram, rompem-se as barreiras do preconceito, e um grito surdo explode, em comovente apelo silencioso, clamando por paz, por justiça, fraternidade, solidariedade, amor!
Diante do esquife frio, sente-se que as esperanças se apagarão, assim como as flores que o recobrem estarão murchas dentro de poucas horas.
Parece que tudo não passou de ilusão, que todos os sorrisos, os abraços, a alegria de viver, encontraram o fim no túmulo sombrio.
Todavia, quando a morte cobre com seu manto escuro os olhos físicos, a imortalidade se abre no mais além, gloriosa, descortinando outros panoramas para novas realizações.
A vida segue estuante e bela.
A esperança não cessa com o fim de uma existência.
O Espírito sai do corpo, sem sair da vida, e se é bom, vai se juntar aos demais lidadores da caridade no hemisfério espiritual, dando seguimento às suas atividades.
Aqueles que na Terra sentiram os afagos desse amor, e que já se encontram no plano espiritual, os recebem jubilosos, felizes por tê-los junto outra vez.
As almas caridosas não deixam de o ser porque se libertam do corpo físico, pois a caridade é atributo do Espírito imortal, e não do corpo. Eles deixam a existência terrena mas não abandonam a boa luta.
E para que suas existências tenham valido a pena, é importante que saibamos entender as lições vivas exemplificadas em cada palavra, em cada sorriso, em cada gesto de ternura.
É importante que saibamos ler, no livro da vida, cada página grafada com carinho, fé, disposição e coragem.
Se a pessoa mostra ao Mundo, com humildade, o verdadeiro amor ao próximo, ninguém lhe pergunta qual é sua bandeira religiosa, sua nacionalidade, sua cor, sua raça.
Tão somente é respeitada, porque o Mundo tem sede de amor.
Tantos foram os homens e mulheres que marcaram as estradas terrestres com suas pegadas de luz e seguem no além a ajudar tantos quantos necessitem de seu amor.
Os verdadeiros sábios sempre se preocuparam em deixar uma equipe treinada para levar avante a bandeira da fraternidade que eles ostentavam enquanto encarnados sobre a Terra.
Assim, ao contrário do que pensam alguns, a esperança não vai sepultada com os corpos, mas vive com os que sabem entender a mensagem e levá-la adiante.
*   *   *
Cada Espírito assumiu uma missão individual antes de renascer, visando a própria redenção e, por conseguinte a evolução da Humanidade.
Uns nascem apenas para romper com os preconceitos raciais do seu povo.
Outros, sem medo de curvar-se ante a miséria alheia, rompem os protocolos e as convenções sociais, mostrando ao Mundo que vale a pena lutar por dias melhores.
Tantos nascem tão-somente para exemplificar o amor ao próximo.
Alguns ficam famosos, mas grande é o número daqueles que vêm e vão no mais absoluto anonimato, deixando apenas o rastro de luz por onde passam.
Nesse contexto, não podemos esquecer do exemplo máximo de abnegação que foi Jesus de Nazaré. Ele foi o primeiro mensageiro do amor encarnado sobre a Terra sofrida. Depois Dele, a Humanidade jamais foi a mesma.
E Ele, que jamais nos abandona, constantemente envia Seus anjos para manter acesa a chama da esperança em nossos corações.

Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

AS QUATRO ESTAÇÕES DA VIDA


Você já notou a perfeição que existe na natureza? Uma prova incontestável da harmonia que rege a Criação. Como num poema cósmico, Deus rima a vida humana com o ritmo dos mundos.
Ao nascermos, é a primavera que eclode em seus perfumes e cores. Tudo é festa. A pele é viçosa. Cabelos e olhos brilham, o sorriso é fácil. Tudo traduz esperança e alegria.
Delicada primavera, como as crianças que encantam os nossos olhos com sua graça. Nessa época, tudo parece sorrir. Nenhuma preocupação perturba a alma. A juventude corresponde ao auge do verão. Estação de calor e beleza, abençoada pelas chuvas ocasionais. O sol aquece as almas, renovam-se as promessas. Os jovens acreditam que podem todas as coisas, que farão revoluções no mundo, que corrigirão todos os erros. Trazem a alma aquecida pelo entusiasmo. São impetuosos, vibrantes. Seus impulsos fortes também podem ser passageiros... como as tempestades de verão. Mas a vida corre célere. E um dia - que surpresa - a força do verão já se foi. Uma olhada ao espelho nos mostra rugas, os cabelos que começam a embranquecer, mas também aponta a mente trabalhada pela maturidade, a conquista de uma visão mais completa sobre a existência. É a chegada do outono Nessa estação, a palavra é plenitude. Outono remete a uma época de reflexão e de profunda beleza. Suas paisagens inspiradoras - de folhas douradas e céus de cores incríveis - traduzem bem esse momento de nossa vida.
No outono da existência já não há a ingenuidade infantil ou o ímpeto incontido da juventude, mas há sabedoria acumulada, experiência e muita disposição para viver cada momento, aproveitando cada segundo. Enfim, um dia chega o inverno. A mais inquietante das estações. Muitos temem o inverno, como temem a velhice. É que esquecem a beleza misteriosa das paisagens cobertas de neve. Época de recolhimento? Em parte. O inverno é também a época do compartilhamento de experiências.
Quem disse que a velhice é triste? Ela pode ser calorosa e feliz, como uma noite de inverno diante da lareira, na companhia dos seres amados.
Velhice também pode ser chocolate quente, sorrisos gentis, leitura sossegada, generosidade com filhos e netos. Basta que não se deixe que o frio enregele a alma.
Felizes seremos nós se aproveitarmos a beleza de cada estação. Da primavera levarmos pela vida inteira a espontaneidade e a alegria.
Do verão, a leveza e a força de vontade. Do outono, a reflexão. Do inverno, a experiência que se compartilha com os seres amados.
A mensagem das estações em nossa vida vai além. Quando pensar com tristeza na velhice, afaste de imediato essa ideia. Lembre-se que após o inverno surge novamente a primavera. E tudo recomeça.
Nós também recomeçaremos. Nossa trajetória não se resume ao fim do inverno. Há outras vidas, com novas estações. E todas iniciam pela primavera da idade. Após a morte, ressurgiremos em outros planos da vida. E seremos plenos, seremos belos. Basta para isso amar. Amar muito.
Amar as pessoas, as flores, os bichos, os mundos que giram serenos. Amar, enfim, a Criação Divina. Amar tanto que a vida se transforme numa eterna primavera.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Avós


Uma avó, dizem, é uma mãe com açúcar. Um avô é um pai com doce de leite.
Quase sempre os filhos se perguntam por que é que os seus pais, na qualidade de avós, deixam seus netos fazerem coisas que não permitiram a eles, filhos.
Por que é que a avó deixa o netinho pular no seu cangote, dormir na cama entre ela e o avô, se não permitiu isso aos seus próprios filhos?
Por que é que os netos, enfim, gostam, tanto da casa dos avós?
Um garoto de seus nove para dez anos, escreveu certa vez, mais ou menos assim: Uma avó é uma mulher velhinha que não tem filhos. Ela gosta dos filhos dos outros. Um avô é um homem-avó. Ele leva os meninos para passear e conversa com eles sobre pescaria e outros assuntos parecidos.
As avós não fazem nada e por isso podem ficar mais tempo com a gente.
Como elas são velhinhas, não conseguem rolar pelo chão ou correr. Mas não faz mal. Elas nos levam ao shopping e nos deixam olhar as vitrinas até cansar.
Na casa delas têm sempre um vidro com balas e uma lata cheia de suspiros.
Elas contam histórias de nosso pai ou nossa mãe quando eram pequenos, histórias da Bíblia, histórias de uns livros bem velhos com umas figuras lindas.
Passeiam conosco mostrando as flores, ensinando seus nomes, fazendo-nos sentir o perfume.
Avós nunca dizem "Depressa", "Já pra cama", "Se não fizer logo, vai ficar de castigo."
Normalmente, as avós são gordinhas, mas, mesmo assim elas nos ajudam a amarrar os sapatos. Quase todas usam óculos e eu já vi uma tirando os dentes e as gengivas.
Quando a gente faz uma pergunta, a avó não diz: "Menino, não vê que estou ocupada!" Ela para, pensa e responde de um jeito que a gente entende. As avós sabem um bocado de coisas.
As avós não falam com a gente como se nós fôssemos umas criancinhas idiotas, nem apertam nosso queixo dizendo "Que gracinha!", como fazem algumas visitas.
Quando elas leem para nós, não pulam pedaços das histórias, nem se importam de ler a mesma história várias vezes.
O colo das avós é quente e fofinho, bom de a gente sentar quando está triste.
Todo mundo devia tentar ter uma avó, porque são os únicos adultos que têm tempo para nós.
Bom, esta pode ser simplesmente a visão de um menino, mas convenhamos que contém muitas verdades.
Os netos gostam dos avós porque eles são doces. Como a educação deles está sob a responsabilidade dos pais, eles não têm que se preocupar com este detalhe.
Por isso, não se perguntam se está certo ou errado fazer um carinho ou um chamego a mais. Eles simplesmente fazem.
Também porque, ao longo dos anos, amadureceram os sentimentos, amam de uma forma mais serena, com doçura. Por isso fazem aos netos muitas coisas que não fizeram aos seus filhos.
Mesmo porque, quando se tornaram pais, eram jovens, inexperientes, estavam preocupados em sustentar a família, em educar bem os filhos, em tantas coisas que não lhes sobrava tempo para o que hoje fazem com seus netinhos.
Por tudo isso não tenha ciúmes dos avós. Permita que os seus filhos convivam com os velhinhos, que os amem e sejam amados.
Naturalmente, ninguém pretende nem imagina que os avós serão descuidados ao ponto de estragar com mimos exagerados os filhos dos seus filhos.
Contudo, carinho, doçura e atenção de vovô e vovó é algo que todos devemos experimentar. É uma experiência que os seus filhos levarão para as suas vidas e lhes fará bem, nos momentos da adversidade e de solidão.
*   *   *
Filhos são Espíritos que aportam ao reduto doméstico a fim de que, na qualidade de pais, sejamos-lhes os condutores para o progresso.
Nessa caminhada, não desprezemos as experiências de nossos próprios pais que nos conduziram a vida, até os dias presentes, ensejando-nos ser homens e mulheres dignos.
Bebamos da sua sabedoria e os tornemos nossos aliados, nesse extraordinário e maravilhoso processo que se chama educação. Processo que mais primoroso será quanto mais amor houver para ser dividido e multiplicado.
Baseado no cap. O que é uma avó,
de autor desconhecido, do livro Histórias para aquecer o coração
das mães, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer
Read Hawthorne e Marci Schimoff, ed. Sextante.