terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Elegendo prioridades


Quantas vezes você já se disse cansado, estressado, desanimado? Quantas vezes a vida lhe pareceu pesar sobre os ombros, como se carregasse o mundo e se sentiu quase a soçobrar?
Já se indagou, alguma vez, por que esse seu estado de ânimo?   Você poderá responder que é o cansaço da luta diária, que já não é tão jovem, que os anos contam na economia do corpo, que as forças já não são as mesmas, que as lutas recrudesceram.
Tudo isso pode ser verdade, parcialmente. No entanto, por vezes, elegemos alguns itens como prioritários em nossa vida, sem que realmente o sejam.   Isso nos remete a um fato que ouvimos e que buscaremos narrar, ao sabor da nossa própria emoção.
Certo professor costumava reunir, com alguma frequência, seus alunos, extraclasse, a fim de estreitarem laços de amizade. Sua casa era, de modo geral, o local onde se encontravam.  Numa dessas oportunidades, os rapazes começaram a falar dos seus desencantos, do seu cansaço, do estresse de que se sentiam acometidos.
Todos falavam e a tonalidade era a mesma. Então, o diligente professor foi até a cozinha e preparou chocolate quente. O dia estava frio e a bebida era propícia. Trouxe uma grande jarra com o chocolate quente e a colocou sobre a mesa da sala. Ao seu redor, colocou canecas de tamanhos, cores e tipos diferentes. Umas eram grandes, coloridas, bonitas. Algumas de porcelana, outras de cristal, outras de barro.
Logo, os rapazes, ávidos por beber algo quente, começaram a se servir, escolhendo as mais caras e vistosas canecas. E a conversa continuou.
Passado algum tempo, esgotadas as reclamações, tomou a palavra o professor:
Jovens, vejo que todos apreciaram o chocolate quente. Vocês se deram conta de que cada um, de forma rápida, procurou apanhar a caneca mais bonita, mais preciosa?  Embora vocês achem normal desejarem somente as melhores coisas para si, é aí que está a fonte de seus problemas.  A caneca não acrescenta nada à qualidade da bebida. Na maioria das vezes, é apenas mais cara. Às vezes, até esconde o que estamos bebendo.
No entanto, o que todos queriam era o chocolate, não é verdade?   A caneca é apenas o recipiente, que não tem o condão de alterar a substância que contém.  Vejam bem: o chocolate quente é a vida que Deus nos dá. Emprego, dinheiro e a posição na sociedade são as canecas. São ferramentas que fazem parte da vida. As canecas que vocês têm nas mãos não definem, nem mudam a qualidade de vida que vocês vivem. Às vezes nos concentramos nas canecas, deixamos de saborear o chocolate quente que Deus nos tem ofertado.
Lembrem-se de que Deus provê o chocolate. Ele não escolhe a caneca.
*   *  *
Lembremos que as pessoas felizes não são as que têm o melhor de tudo, mas as que fazem o melhor de tudo que têm.   Pensemos nisso e façamos a eleição das nossas prioridades.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

"O trabalho é o amor feito visível"


A necessidade do trabalho é lei da natureza, por isso constitui uma necessidade. A civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos. Mas por trabalho não se devem entender somente as ocupações materiais. Toda ocupação útil é trabalho.
Sem o trabalho o homem não se aperfeiçoaria e permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade.
Como a história da humanidade registra que por muito tempo o trabalho foi tido como castigo, existem pessoas que se aborrecem por terem que trabalhar. Importante, assim, lembrar que é o trabalho que nos dá oportunidade de crescimento. Todos os progressos que a humanidade alcançou até hoje, são frutos do trabalho. E é sobre o trabalho que Khalil Gibran escreveu o seguinte:
Quando trabalhais, sois uma flauta através da qual o murmúrio das horas se transforma em melodia. Quem de vós aceitaria ser um caniço mudo e surdo quando tudo o mais canta em uníssono? Sempre vos disseram que o trabalho é uma maldição, e o labor, uma desgraça.
Mas eu vos digo que, quando trabalhais, realizais parte do sonho mais longínquo da terra, desempenhando assim uma missão que vos foi designada quando esse sonho nasceu. E, apegando-vos ao trabalho, estareis na verdade amando a vida. Disseram-vos que a vida é escuridão; e no vosso cansaço, repetis o que os cansados vos disseram.
E eu vos digo que a vida é realmente escuridão, exceto quando há um impulso. E todo impulso é cego, exceto quando há saber. E todo saber é vão, exceto quando há trabalho. E todo trabalho é vazio, exceto quando há amor.  E quando trabalhais com amor, vós vos unis a vós próprios e uns aos outros, e a Deus. E que é trabalhar com amor? É tecer o tecido com fios desfiados de vosso próprio coração, como se vosso bem-amado fosse usar esse tecido. É construir uma casa com afeição, como se vosso bem-amado fosse habitar essa casa. É semear as sementes com ternura e recolher a colheita com alegria, como se vosso bem-amado fosse comer-lhe os frutos. É pôr em todas as coisas que fazeis um sopro de vossa alma.
O trabalho é o amor feito visível. E se não podeis trabalhar com amor, mas somente com desgosto, melhor seria que abandonásseis o vosso trabalho e vos sentásseis à porta do templo a solicitar esmolas daqueles que trabalham com alegria. Pois se cozerdes o pão com indiferença, cozereis um pão amargo, que satisfaz somente a metade da fome do homem. E se espremerdes a uva de má vontade, vossa má vontade destilará no vinho o seu veneno. E ainda que canteis como os anjos, se não tiverdes amor ao canto, tapais os ouvidos do homem às vozes do dia e às vozes da noite. Sem dúvida o poeta tem razão.O trabalho feito com amor provê não só as necessidades do corpo, mas também as da nossa alma.
 Baseado em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 674 a 676, e no cap. O trabalho, do livro O Profeta, de Gibran Khalil Gibran.