quarta-feira, 30 de maio de 2012

Invernos existenciais


Por mais bela e florida que seja a primavera, o verão sempre pede passagem e traz consigo os dias quentes.
E mesmo que desejemos reter os dias ensolarados e agradáveis, aproxima-se o outono e, como que obedecendo a um chamado superior, instala-se, silencioso e decidido...
Depois de um lindo espetáculo de cores, as folhas caem vencidas, transformando a paisagem...E o outono também parte...
Soberano, logo aparece o inverno e se faz sentir das mais variadas formas, com seus dias frios e cinzentos.
Passa o tempo e outra vez o espetáculo colorido de folhas e flores anuncia que a primavera está de volta...
E é assim que os ciclos das estações se repetem e trazem oportunidades de aprendizado para todos os seres vivos.
Semelhante às estações, o nosso viver também tem primaveras, verões, outonos e invernos...
Mas, nem sempre percebemos as lições que cada estação enseja, e nos desesperamos diante dos dias frios e cinzentos dos invernos existenciais.
A primavera é agradável, não há dúvida. Flores e perfumes tornam nossos dias mais alegres.
No entanto, se as flores surgem na primavera, é no inverno que acumulam as horas de frio necessárias para fazer brotar a gema floral com o choque térmico, no início da nova estação.
Sim! Se não fosse o frio não teríamos alguns tipos de flores e frutos.
O frio quebra a dormência das gemas que originarão a folhagem e os frutos na primavera, quando folhas e flores enfeitam a paisagem. É assim que nós também podemos utilizar os invernos existenciais para favorecer a floração das virtudes que embelezam a nossa vida e nos trazem alegria... Para as plantas, a escassez de umidade, o frio e a baixa luminosidade, ocasionadas pelo inverno, são qual jardineiro que desperta a vida adormecida em sua intimidade.
É assim que árvores e plantas perdem galhos e folhas, mas garantem floradas em todas as primaveras... Por vezes, os seres humanos também passam pelos invernos existenciais e perdem temporariamente a exuberância. Sentem-se como uma árvore desfolhada, sem flor nem perfume... Mas que importa se a vida que pulsa, além das aparências, está se preparando para produzir flores mais belas e perfumadas nas primaveras vindouras?
Geralmente são os dias mais difíceis que acordam em nós as sementes adormecidas da esperança...  Não há dúvida de que os dias ensolarados e alegres são encantadores, mas são os dias difíceis que mais desafiam as nossas potencialidades e quebram a concha da nossa acomodação...
O sofrimento que nos fustiga a alma é abençoado aguilhão que nos faz despertar para os valores reais da vida. Assim, diante dos açoites do inverno, pense nas preciosas lições da natureza. Observe as árvores desfolhadas, quais esqueletos nus na paisagem cinzenta e sem brilho, mas em pé... Firmes e cheias de esperança. Suportam os ventos, a chuva, o frio e a falta de luz, mas conservam a seiva da vida na intimidade... Instintivamente aguardam o retorno da primavera que, com sua brisa morna, vem acariciar as flores e fazê-las frutificar...
*   *   *
Aproveite os dias ensolarados para armazenar o vigor que o sustentará nos invernos existenciais... E, quando os dias escuros surgirem na sua vida, não permita que a tristeza lhe roube a esperança de ver surgir, outra vez, a primavera...
Lembre-se que, mesmo nos dias nublados, o sol está sempre à espreita, esperando sua vez de brilhar e espalhar vida por sobre toda a natureza...
Redação do Momento Espírita.
Em 08.03.2010.

Um comentário: